" Mas ela gosta de colecionar segredos. Coisas grandes, que ela guarda dentro de uma caixinha. É doce, doce, extremamente doce, tão doce. E ela fica ali, mastigando alegrias. "
( Caio Fernando Abreu )

terça-feira, 25 de junho de 2013

Restrito e particular

Optei por guardar coisas pequenas em meu peito. 
Apesar do grande espaço disponível, 
escolhi caixinhas, encostando em um cantinho, em uma  área especial. 

Nessas canastrinhas pude conservar aquecidos todos os olhares, 
gestos discretos, sorrisos tímidos, abraços docemente apertados... 
guardo também minhas reações em cada sensação do momento, 
todas as borboletas que invadiram meu estômago estão lá. 

Nem percebo quando alguém se aproxima, 
estou tão tomada de emoções que a nostalgia bloqueia meu sentidos. 
Perguntam onde eu estava: 
-Consultando meu arquivos. 
Falho disfarce. 
Todos vêem que as borboletas me rodeiam.

domingo, 23 de junho de 2013

Nosso tempo

Aqui, 
nesse por enquanto, 
rezo para que o restante do fim 
dignifique o passado de memórias vivas nos passos suaves, 
dados em nossa história compartilhada. 

Que a velhice não se torne pedra difícil de rolar, 
que não seja medo de arriscar, 
que nossas tralhas contem histórias, aliás...
que nossas histórias estejam gravadas em nosso olhar. 

E que os brancos fios surjam para mostrar 
que fomos tão insistentes quanto eles 
em recomeçar sempre que necessário.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Chove lá fora, aqui dentro molha

Reverencio a chuva, 
por me conceder tamanho aconchego ao observá-la, 
caindo vigorosamente e escorrendo lentamente pelo vidro do carro. 
Me envolvendo de pequenos detalhes passados que foram motivos de grande alegria. 

Me desfaço em cada gotícula escorrendo, descendo a rota, 
encontrando suas companheiras ávidas por se unirem rumo a um único destino. 
Em mim, lá no meu íntimo, as gotas assemelham-se a pequenos retalhos de lembranças, 
que juntas, criam o sentimento mais angustiante e inevitável: 
a saudade. 

Fazendo com que todos os pingos ardentes em te ver, 
tomem mais forma e sejam mais constantes, 
criando assim uma enxurrada de emoções a escorrer pelos meus olhos. 

Retomar o reinado

Revertendo esta etapa que me atenta, 
me atrevo a passar um corretivo por cima 
e escrever as histórias que não me torturam tanto.

Percebo que assim serei mais leve, 
mais disposta a encarar toda adversidade de consequências 
que ameaçam a perturbar ostensivamente. 

Reverto esse quadro respirando outro tipo de solução, 
sucateando tudo que sobrou, 
sem sentir dó desse resto que permaneceu. 

Ao invés de me machucar com essas sobras, 
vou aproveitar ao máximo a escassez da penosa carga que carregava 
sem ao menos lembrar que foi à dores que sobrevivi sem sua presença.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A incerteza é certa!

E se tivesse sido?
Talvez não teria ficado, talvez não seria como é... 
mesmo não sendo, de fato. 
As respostas fogem, depois de tantas chances desperdiçadas, 
o coração alagado de incertezas, 
a razão coberta de si, somam caminhos errôneos. 
E a cada dia uma estrela despenca do céu, 
por saber que sua existência é vã 
e insuficiente para iluminar o caminho assim proposto. 
Em painel tentamos recolocar as razões, 
nos iludimos com estrelas à tinta e glitter, 
que penduramos para tentar abrilhantar os passos, 
mesmo que dados de forma cambaleante. 
Nessa busca cega de trazer a felicidade para nossa rota, 
acabamos por não rastrear o percurso mais apropriado 
para que a mesma esteja confortável em nos acompanhar.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Começo, meio que sem fim

Já não fez por amor...
Todo aquele sentimento límpido que retirou das profundezas de sua alma, 
foi desvalorizado quando facilitou o caminho.
Não queria sentir o que tinha inventado e sim 
o que seria vivido.

Afundou na realidade do momento, protagonizou tudo o que nunca foi.
Nada de demonstrações detalhistas, 
apenas o que era pra ser... sem vírgulas.
Foi por curiosidade, por resolução de enredo, só não foi como a ingenua imaginação sonhara... 
Preferia olhares, palavras, satisfação, gestos comprobatórios de verdade. 

Conseguiu provar para si mesmo que aquilo não tem tanto valor. 
O que realmente valorizava era a presepada inventada pelo seu tosco coração, 
e por sinal, um bom trabalho, 
pois por muito tempo acreditou em tudo o que vinha de dentro.

domingo, 9 de junho de 2013

Carregando... ... ...

Agora será um processo doloroso. 
Tirar tudo e todas as lembranças que me impedem de ser feliz. 
As músicas intencionais na lista do player, 
as atualizações que me fazem submissa a uma expectativa abstrata, 
as possíveis conversas sem fundamentos 
e principalmente todas as lembranças armazenadas na nuvem mental, 
cuidadosamente guardadas na gaveta "nunca esquecerei", 
que de agora em diante moverei para a pasta de rascunho, 
até porque, talvez dê para aproveitar o verso. 
Enfim, tudo isso em prol da postura idealizada depois de muitos adiamentos. 
Se tudo der certo, não mais terei insônia, 
muito menos andarei fazendo caretas enquanto 
olho para o nada e não me dou conta que ao meu redor muitos me observam, 
e o melhor... Não mais sofrerei por cicatrizes mal curadas, 
nem votos descumpridos... 
Serei livre de toda e qualquer conivência absurdamente concedida 
por minha falta de vigilância no setor do amor próprio.
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