Morre a doce intenção de ajudar o próximo, aos poucos a pura vontade vai se amargando...
...No ônibus que frequento para chegar à faculdade, as poltronas são cadastradas de acordo com a ordem de chegada que a pessoa fez a inscrição. Ninguém viaja em pé, cada um senta na poltrona que está cadastrado. Ontem pelo fato de o ônibus de outro destino quebrar, foi preciso que os estudantes viessem em nosso ônibus e ocuparam as poltronas supostamente vazias. As pessoas que sentam regularmente na poltrona, se queixaram de viajarem em pé, não sabendo que seria até o meio do caminho do destino. Uma das pessoas que ficaram em pé foi reclamar com o responsável do ônibus, esse, explicou a situação e relatou que assim como foi com eles, poderia ter sido conosco, pediu nossa compreensão, ao passo que ela replicou, reivindicando seus direitos de posse da cadeira e exclamando que se fosse no ônibus deles, com certeza nós teríamos que levantar para que eles sentassem. Nesse momento, a pessoa que estava sentada do meu lado ofereceu sua poltrona para que ela sentasse, ela, simplesmente rejeitou e em um tom bem áspero, disse que não tinha necessidade e voltou para seu lugar, cheia de ''indignação''. Ao chegar lá falou para seus ouvintes o ocorrido, como se fosse um desaforo o que ela tinha escutado.
...Agora vem a questão...
As pessoas não tem mais amor ao próximo?
O que há de errado em fazer o bem?
O que há de errado em ser cortez e solidário?
O egoísmo e o orgulho dilatam o ego das pessoas, não há mais espaço para cordialidades, as boas ações estão sendo sufocadas pela presunção. É vergonhoso para nós, seres humanos, ''racionais'' que somos, se comportar de uma forma tão 'animalesca' e contrária ao nosso natural modo de agir. Diante dos exemplos de violência 'escarrados' em nossa cara através de programas televisivos, a sensibilidade de entender um gesto solidário é vendada e tratada como um absurdo.
As pessoas se vêem como concorrência da própria espécie, esquecem de onde viemos e pra onde vamos, esquecem que não somos melhores ou piores, somos iguais, independente de cor, idade, tamanho, religião... É triste perceber que brigas e desentendimentos acontecem por fatos tão insignificantes, por um mal entendido ou coisa parecida. Me obrigo a pensar que os animais irracionais tem mais domínio de diálogo do que nós, 'supostamente' mais inteligentes.