" Mas ela gosta de colecionar segredos. Coisas grandes, que ela guarda dentro de uma caixinha. É doce, doce, extremamente doce, tão doce. E ela fica ali, mastigando alegrias. "
( Caio Fernando Abreu )

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Distração e vício


E enquanto ninguém vê,
enquanto o redor se preocupa com suas insignificâncias, 
conto todos os seus passos 
e registro todos os seus gestos fazendo daquilo meu jogo favorito.
Só assim consigo te levar comigo o resto do dia, 
te enfeito e te recorto.
Seu sorriso e seu olhar te são por completo.
Mas me cansa te pensar,
quero ter, ver, mergulhar em teu profundos olhos, 
ser levada com onda,
me chocar entre as pedras dos teus abraços,
cansei de te apreciar de longe, 
me permito realizar todos os meus segredos mais ocultos que te dizem respeito.
Gosto de me enganar com suas palavras, 
são elas que fazem todas as impossíveis loucuras se realizarem, 
deixando o rastro de crimes sentimentais sem desfecho.
Como pensar em outra coisa? 
A minha distração te chama, 
nunca estou só e quando penso ter superado ou sufocado... 
você passa!
Fazendo com que tudo se torne um círculo sem interrupções 
e me viciando naquilo que mais evito e chamo: 
você. 


Mayana Portela

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Mil faces sem disfarces



Tenho medo das loucuras que reinvento para ser feliz somente por um mísero momento, mas é nessa hora 

que agita em mim toda euforia disponível na face da terra.

Enquanto me relato em imagens e ensaios interiores, me exteriorizo em um sorriso satisfatório e secular, ao 

menos aqui dentro sou o que meu pensar sugere e isso significa passe livre para todos os devaneios.

Lá tenho várias faces e não preciso de disfarces, não me pondero. 

O que sinto, respiro e esse ar me invade e percorre todos os cantos secos de minha alma, assim pertenço 

somente à brisa rara que ocupa meu palco secreto, onde sou amada amante, papel principal e coadjuvante. 

Faço a peça, assisto e analiso a nova descoberta que descobre o véu de uma pessoa supostamente normal. 

Lá me priorizo.

domingo, 4 de novembro de 2012

A amar... ou um, ou outro!

Agora, aqui estou, a amar os cães e os gatos. Lindos e amorosos, capazes de completar minha felicidade. Não sei qual escolher.

Antes eu queria o gato. Decidido, imponente, controlando sua própria vida e induzindo o dono a seguir sua rotina, sempre independente, mesmo sabendo que pertence a alguém. Vez ou outra, ronronava em minha pernas, pois, mesmo fazendo besteira, ele sabia que dessa forma, por mais zangada que estivesse eu cederia às suas vontades. Não é constante, seu coração é da Lua, o miados são pra ela, ele some entre as ruas e vielas, mas, sabe que quando  voltar seu espaço estará lá, seu sofá e travesseiro, sua tigela e leite quente... Ah!... Sem esquecer do aconchego, e pra tapear, lambe minha pernas e solta um pouco de miar. Bastava ouvi-lo para desejar nunca mais perdê-lo, nem pra rua, muito menos pra Lua. Mas de tão autossuficiente que é, resolve ir, deve ter encontrado lugar melhor, talvez maior, com um travesseiro mais fofo e mais leite... e com biscoitos!

Tudo bem!
Posso fingir que esqueci!
Não pensei direito ao por meu amor em um gatuno ronronador! 
Pensei: Agora quero o contrário, chega de vender meu coração a crediário!

Achei um cachorro, um pouco acuado, sem regras nem coleira. Levei pra casa, cuidei, ensinei. Esse sim. Me ama de verdade, me espera, me entende...me compreende. Amo quando ele faz festa com a minha volta, nem parece aquele que outrora era cismado. Gosto de ficar com ele, me sinto uma criança em sua companhia. As brincadeiras, as mordidas; Sinto que ele percebe quando estou triste, preocupada ou simplesmente séria. Sempre penso nele, quero e compro o melhor. Sua fidelidade, companheirismo, compreensão, carinho e alegria... me encanta tamanha fofura. Tudo bem, há dias que seu latido me irrita, a teimosia também. Mas no final tudo se resolve com um cafuné e de brinde, levo pra dar um rolé. Foi um sonho encontrar o que me preenchia, mal esperava a hora de sair do trabalho, para correr pra casa e perceber que a um quarteirão da distância ele já se alegrava com minha chegada.

Nem sabia que nesses passeios ao parque e nas esquinas dos quarteirões, algo me observava. Estava tão feliz com meu parceiro de alegria, que já tinha esquecido que fingi esquecer aquele felino. Cansou de miar pra Lua e os biscoitos do pacote acabaram, agora sim ele só queria o leite, sem nem contestar se está frio ou quente. Bastou encostar em minhas pernas para querê-lo de volta, miando em minha casa. Só que havia um belo peludo lá morando e espécies diferentes não ficam em um mesmo lugar contentes.
Quero ficar com os dois, o canino malino e o gato ingrato, mas sei que será eu quem pagará o pato. 

Também pudera, não há acordo, ou um ou outro!
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