" Mas ela gosta de colecionar segredos. Coisas grandes, que ela guarda dentro de uma caixinha. É doce, doce, extremamente doce, tão doce. E ela fica ali, mastigando alegrias. "
( Caio Fernando Abreu )

sábado, 30 de junho de 2012

De sardinha ou de frango??

Pela tarde de um dia como qualquer outro, em um horário propício para um lanchinho, logo ouço os gritos de uma mulher vendendo lanche. Entre os sucos e salgados optei por uma empanada cujo recheio era de sardinha. Ao pegar o salgado, percebi que tinha algo branco, não era sardinha. Minha mãe com a mania de futucar meu lanche, queria dar uma mordida, mas evitei que isso acontecesse. Não por achar estranho aquela coisa na empanada, mas sim, pelo incômodo que sinto com essa mania que ela tem.

Fui lá, tentar descobrir o que era aquilo, com a moça que me vendeu. Ela olhou, olhou... olhou de novo e finalmente me disse que parecia ser frango, talvez, recheio da coxinha que ela fez no mesmo momento da empanada. Depois disso, ela arrancou o possível "frango" do lanche. Achei estranho ela ter jogado fora, questionei:
 -Porque voce jogou o frango fora se o salgado é meu?!
..e ela me respondeu:
-Ah! Sei lá! Se voce pediu empanada de sardinha, pensei que não iria querer o frango misturado.

Relevei este episódio e sentei em um banco, ainda desconfiada do ocorrido. Fiquei observando, olhando cada centímetro daquela empanada e achando muito estranho aquela mulher retirando o frango do salgado. Como não deixei minha mãe morder meu lanche, ela veio com a mão e arrancou um pedaço. No mesmo instante descobri o que era o pedaço de "frango", minha mãe não comeu, porque eu gritei: 
-Nããããooo!! Olhe o que é isso! Olhe aqui! O que ela disse que era frango!

Quando ela olhou bem de perto, ela gritou  enojada:
-AAhhhhhhh!! Que nojo!!!
E continuou gritando e eu pedia para que ela não fizesse tumulto. Por incrível que pareça, fiquei com pena da mulher; o dia inteiro trabalhando, vendendo lanches para sustentar 3 filhos pequenos e um marido desempregado, nas redondezas ela já tinha uma freguesia. Tudo isso passou na minha mente como um flash, em fração de segundos, que foi o tempo da minha mãe gritando.

Chamei a mulher e mostrei o que era, ela continuou insistindo que era o frango do recheio da coxinha, pedi que ela olhasse mais de perto,e , na hora que se deu conta do que era, a própria exclamou:
-Que nojo!!
Se perguntou como aquilo foi parar lá, que ela não fazia ideia de como aquilo aconteceu. Ela não tinha argumentos, logo percebi a vergonha tomando conta do rosto dela. No final, ela disse que deve ter sido quando ela colocou a massa para descansar na mesa, e... segundo ela, não pode cobrir a massa senão incha e derrama. Com isso, ela me pediu que não espalhasse, que eu não precisava pagar, que eu poderia pegar outra coisa e blá, blá, blá...

Não fiz o alvoroço, só minha mãe que ficou se repugnando a todo momento. A mulher tentou se "safar" retirando o corpo e jogando fora, mas, como nada nessa vida fica obscuro por muito tempo, a cabeça ficou... querem saber o que foi??

Era uma Hemidactylus mabouia, isso mesmo!! 

Uma lagartixa!!


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