" Mas ela gosta de colecionar segredos. Coisas grandes, que ela guarda dentro de uma caixinha. É doce, doce, extremamente doce, tão doce. E ela fica ali, mastigando alegrias. "
( Caio Fernando Abreu )

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Em quem confiar?!

Um dia desses conversando com minha vó, ela me contou o seguinte: "Fui morar em um bairro em que duas mulheres se diziam tão amigas a ponto de compartilhar tudo (menos os maridos hehehe...). Mal acordavam, uma ia a casa da outra, as vezes até com a roupa que dormiu, quando faltava algo em casa, uma emprestava à outra. Pois bem, um dia os filhos delas estavam brincando e de repente começaram a brigar por causa de um brinquedo. As duas mulheres, saíram para ver o que estava acontecendo e os meninos deram queixa à mães dizendo que um roubou o brinquedo do outro. Como diz o ditado: 'Cada um puxe a sardinha para seu lado', as duas começaram a discutir defendendo seus respectivos filhos. Neste dia, tudo o que elas segredavam uma à outra foi revelado no meio da rua a uma platéia que assistia de camarote ao espetáculo.

Parei para refletir neste episódio (pausa) ... e percebi que um dia nos decepcionaremos com aqueles que depositamos nossa confiança. Não há baú que não tenha chave, já fui 'traída" várias vezes por pessoas que considerava e compartilhava das vitórias até as quedas e depois percebi indícios de inveja e despeito. Entravam em minha casa, observavam tudo, desde a marca do café que eu consumia até  a frequência que atendia o telefone, as vezes até pela forma que eu atendia, já me dizia quem era do outro lado do aparelho. Uma vez, logo quando mudei de casa, a "criatura" apareceu lá para me fazer uma visita, nessa época não tínhamos muitos móveis, só uma pequena estante de plástico com um radiozinho em cima, uma planta e duas cadeiras de plástico também. Logo que ela entrou, percebi a satisfação dela em ver a casa vazia, ela fitou tudo e fez o semblante de chacota. Um mês e meio depois, já tínhamos comprado tudo (eu e minha mãe): sofá, TV, estante, micro system, armário de cozinha, mesa etc. E a "criatura" bateu lá na porta pra vender perfumes, percebi a cara de espanto, depois deste dia não deixei mais que ela sequer subisse as escadas, pois vi que ela só estava querendo "tomar parte" em minha vida (como diz os mais velhos).

Quando compartilhamos nossa vida com uma pessoa, automaticamente exigimos lealdade e companheirismo, acima de tudo... amizade, mas esquecemos que toda pessoa tem um confidente, se eu compartilho minha vida com minha prima, minha prima compartilha com a irmã, a irmã compartilha com o namorado, o namorado compartilha com os amigos e é por aí que se espalham os boatos, resumindo... minha vida vai parar 'na medina" rsrsrs... E foi isso que aconteceu com a "criatura" que visitou minha casa, ouvi dizer que ela falou que nem lugar onde sentar tinha. É lamentável!!

Damos confiança a pessoas que não merecem, partilhamos realizações, comentamos tristezas, confidenciamos sonhos, dividimos o pouco que temos, emprestamos pertences, nos doamos por completo! Mas se não for com uma pessoa de total cumplicidade, isso tudo servirá de armadilha para que voce se torne a vilã da história; disse-me-disse, indiretas, calúnias, isso tudo podemos passar ao nos confidenciarmos com aqueles que usam máscaras. Não estou me referindo às amizades construídas em alicerces, há aquelas que vale a pena cultivar, um ajuda o outro e cada um vive sua vida, não há encenação, há transparência! é preciso ter cuidado, prestar atenção a quem damos a cópia da chave da nossa vida, pois nem todos estão dispostos a somar.

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